Permitem-me
o neologismo?
Exige mais que admiração decorrente de grandes
habilidades intelectuais; ela também não está na estética ou na
condição financeira, menos ainda na função social ocupada
(quantos homens e mulheres públicos despidos de qualquer interessância...).
Interessante
é a inteligência. E eu não acredito nas
inteligências herméticas. Uma inteligência anti-social não me
parece muito inteligente. Acredito na inteligência viva, enérgica,
que se rende ao momento, que se entrega ao agora. Que observa e se
adapta às mudanças, à natureza e à dinâmica da sociedade.
A
interessância de alguém está no desejo que as pessoas têm de
fruir de sua presença, observar os seus gestos, suas as palavras e
compreender suas idéias. É qualquer coisa que nos fixa a atenção
sem que saibamos exatamente onde se encontra a fonte de nosso espanto, não está, portanto, num carro nem numa bolsa.
O
que torna alguém interessante? Venho-me perguntando esses dias... Penso que uma pessoa interessante é, antes de qualquer coisa, alguém
muito interessado no mundo ao seu redor. As pessoas que considero
interessantes, invariavelmente, são pessoas interessadas.
Interessadas por aquilo que existe, por aquilo que há, por aquilo
que são ou podem vir a ser. Interessadas, principalmente, por tudo
aquilo que desconhecem...
O
interessante não é um egocêntrico, pelo contrário: ele tem sede
do outro, pois sempre há algo mais a ser descoberto. Seus olhos,
seus ouvidos e sua mente estão voltados para o que esta além da
superfície. Para ele, as coisas podem até ser simples, mas jamais
são simplórias. O mundo é um perpétuo objeto de estudo para o
interessante.
A
interessância, pois, está na capacidade de fruir da beleza que nos
envolve cotidianamente sem que a percebamos. O olhar curioso do
interessante contagia a outros, que, em sua presença, passam a
presenciar o milagre de se sentirem abismados pelas pequenas coisas.
Quando
encontrar uma pessoa digna de interesse, e não estou falando de
desejo físico ou algo parecido, não a deixe escapar: aprenda com
ela, converse, sorva um pouco de seu olhar. É esse, afinal, o
segredo de nossa própria interessância.
Nossa ! Texto magnifico. Eu era para ter lido esse texto em 2015.
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