O "OUTRO" é importante para o "EU" - Baseado em Sartre


Filosofando com uma obra de Jean-Paul Sartre - Ser e o nada -  (A consciência está plasmada na cena).

Buraco da fechadura: "Tem um casal dentro de um quarto fazendo amor. Você está do lado de fora do quarto, houve o barulho e quer ver o que está acontecendo. Olha imediatamente pelo buraco da fechadura. Por um momento a cena que você assiste galvaniza toda sua atencão. De repente aparece um outro, não dentro do quarto, mas do seu lado. E você toma consciência de que aquilo não era legal, pois foi flagrado por alguém e logo sai com vergonha..."  




Filosofando:

Você só precisa ter consciência de si, porque o "OUTRO" apareceu... 

Isto podemos estender amplamente. 

Se não houvesse o "OUTRO", o "EU" também não existiria. Se não houvesse o "OUTRO", não haveria a consciência de um "EU". Se não houvesse o "OUTRO", não haveria o cógito que se complementa enquanto ser pensante. Se não houvesse o "OUTRO", a nossa consciência seria 100% plasmada no universo. Mas é porque o "OUTRO" existe que acabamos sendo obrigados a ter consciência de nós mesmos em relação a eles.

O "OUTRO" é tão importante, que se não fosse ele o "EU" caudica, o "EU" é fragil e portanto é melhor tratar bem o "OUTRO", porque graças a esse "OUTRO" o "EU" poderá existir.

Engraçado, que agora é a primeira vez que o cuidado que temos que ter com o "OUTRO" se justifica. Pela primeira vez na história o cuidado com o "OUTRO" tem alguma razão de ser. Pelo menos no meu entender.

 E porque?

Porque graças ao "OUTRO" eu poderei descobrir quem eu sou. E por isso hoje é importante termos cuidados com o "OUTRO" que até então nunca houve de o tê-los. Porque antes era "EU e o universo", despois era "Eu e Deus", depois era "Eu e Eu" e só agora, "Sou e você."

E a partir disso, você não é um mero instumento da soberania do "EU". Mas ao contrário, você é o soberano que permite a um "EU" bastardo ter alguma noção de quem possa ser.

Se cada um de nós têm uma idéia de si, se cada de nós têm uma identidade, se cada um de nós têm uma historinha a contar a respeito de nós mesmos, não fomos nós quem inventamos. Porque o "EU" não é fundamento, não é princípio. 

E se eu tenho coisas a dizer sobre o Romão, saiba que tudo que eu disser sobre o Romão eu aprendi com você. Você quem me contou como eu sou, desde quando o conheci... 

Graças à você, é que tenho uma idéia vaga de como posso me definir. Portanto é em você que encontro a gênese do que "EU" entendo por mim mesmo.

O "OUTRO" vem antes do "EU". O "OUTRO" é condição do "EU". O "EU" é uma consequência pobre de uma existência copórea num mundo cheio de outros... Outros que exigem que você seja "EU" para saber quem você é...

Acima foi filosofia pura, mas se pararmos para pensar, podemos falar na concepção de Deus, Ele na sua infindável sabedoria fez Eva, o "OUTRO", justamente para Adão, o "EU", não ser um ser soberano e convicto cheio de altruísmos e convicções próprias e um ser totalmente megalómano. Fez Eva justamente para Adão aprender com a Eva e vice-versa. Com a convivência com Eva, Adão teve altos "feddbacks" a respeito de si próprio... E por incrível que pareça, Ainda, até nos dias de hoje, o eu precisa de um outro.

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