Guerra do Ego

     Dizem que dentro da gente existem dois lados: o lado bom e o lado mau, o anjinho e o diabinho, o id e o superego. Mas essas últimas palavras difícieis, quem disse foi, nada mais, nada menos que Freud, um cara que desvendou a maior parte da mente humana. Mas não precisa de Freud, nem ninguém dizer que é verdade, pois cada um de nós sabemos que existem mesmo dois extremos! E lá estamos nós, bem no meio do bombardeio, sem saber para que lado olhar, e qual conselho seguir.

     Meditemos a respeito da qualidade dos relacionamentos  inter-pessoais que, como criaturas dispostas a trilhar o caminho da luz, temos obrigação de transformar para melhor. O nosso ego inferior tem dado as coordenadas das nossas vidas até hoje, e se faz necessário que este sentir inferior seja conduzido à luz de uma nova consciência, para assim ser renovado e recolocado na sua justa posição.


     O ego precisa se sujeitar aos anseios da nossa alma, deixando de comandar as nossas vidas, fazendo-nos ficar em pé de guerra com as criaturas à nossa volta, ou  melhor dizendo, com o ego das criaturas à nossa volta. Nesta guerra não existe vencedores, porquanto todos somos vencidos pelo nosso envolvimento inferior. O eu que se sente ferido nessa contenda, não é o nosso Eu verdadeiro, mas o Eu fictício, ferido pelas disputas em que, por orgulho, acaba se envolvendo.

     Precisamos policiar nosso mundo íntimo sempre que percebermos que a nossa cabeça começa a fugir para o terreno do confronto inferior, sentindo-nos tocados pelo orgulho. Quando formos tentados a revidar ofensa por ofensa, golpe por golpe, na tônica do bate-boca e do descontrole, não é o nosso Eu Eterno que está sendo envolvido, mas o nosso ego inferior.

     Quando aprendermos a deslocar a nossa cabeça para as esferas da luz, o ego se colocará a serviço da luz, trabalhando para a luz e fundindo-se ao mar de grandeza em que a alma se encontra mergulhada.

     Assim que nosso ego deixar de servir zonas inferiores da consciência, não haverão mais ferimentos, nem animosidade, nem sentimentos de revide, nem orgulho para ser ferido. Nesse ponto, em que o ego do próximo encontra somente o vazio, ou seja, quando o ego não encontra o nosso ego para guerrear, ele se derrama, e automaticamente é convidado a render-se à luz da sua própria mente superior.

     Peregrinar de uma consciência do ego para uma "Consciência Cristica", resolve quase todos os conflitos da vida humana.

     A isso se referiu Jesus Cristo quando nos convidou a mostrarmos a outra face, quando a primeira fora dilacerada, dizendo com isso que deveríamos mostrar uma outra forma de nos relacionar, uma outra energia, mais digna com a nossa condição de criaturas a caminho do despertar interior.

     Fazer essa atravessia, da sombra para a luz, é fundamental para que a nossa vida seja transferida de plano. É fácil constatar o quanto nosso sentir encontra-se baixo o domínio do ego.

     Quando nos sentimos atacados pelos outros, mesmo quando interiormente sentimos que isso não passa de uma grande ilusão, quando nos sentimos tentados a revidar as ofensas, quando ficamos ofendidos a respeito do que consideramos ponto de honra, estamos, sem dúvida, prisioneiros do ego.

     Quando o ego toma a iniciativa, nos convidando a guerrear com o ego dos outros, ele nos lança num fogo cruzado, mergulhando-nos numa fogueira de emoções desencontradas. Será necessário, então, congelar a nossa cabeça e o nosso corpo emocional, mergulhando-os nas águas da nossa Consciência Superior.

     A oração sincera e fervorosa é algo importantíssimo nessas horas, devendo recorrer à essa grandiosa forma de ligação com o Divino, principalmente quando as investidas do mal se fizerem mais persistentes.

2 comentários:

  1. No mundo secular também podemos usar esta parábola: “Uma noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas.
    Ele disse:
    – A batalha é entre os dois lobos que vivem dentro de todos nós. Um é Mau. É a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, mentiras, orgulho falso, superioridade e ego.
    O outro é Bom. É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.
    O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô:
    – Qual lobo vence?
    O velho índio respondeu:
    – Aquele que você alimenta!”

    Mas usando as palavras de Cristo, o esforço vai mais além quando ele disse: ...negue-se a si mesmo e tome sua cruz...

    E ainda tem Paulo para reforça dizendo que um dos frutos do Espírito Santo é o domínio próprio.

    Ai Jesus!!!! É difícil colocar na prática, mas como citaste acima, só com oração é que chegamos
    lá.

    Abraços Romão

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