A vida é uma escola

Em nossa existência, nada vem de graça, tudo tem seu preço. Há ganhos que se transformam em perdas e perdas que, por incrível que pareça, se transformam em ganhos. Você pode ter perdido algo ou alguém, mas em compensação aprendeu alguma coisa. A vida é assim: cheia de contradições e paradoxos. E tudo é aproveitável, mesmo as decepções, os reveses, as frustrações.
A vida é na realidade pura reciclagem. A vida tem que ser uma reciclagem das sensações, situações e relacionamentos negativos que tivemos. Nem tudo bom nos faz bem e nem todo mal nos faz mal. Há males que reciclando-os se tornam bons como também há coisas boas que se não reciclarmos podem nos fazer mal.
O papel chamado reciclado não é nada parecido com aquele que foi beneficiado pela primeira vez. Este novo papel tem cor diferente, textura diferente e gramatura diferente. Isto acontece devido a não possibilidade de retornar o papel ao seu estado original e sim transformá-lo em uma massa que ao final do processo resulta em um novo material de características diferentes.
Penso que a vida nesta dimensão seja exatamente isso: uma reciclagem a fim de nos transformar em pessoas melhores, capazes, tolerantes e evoluídas.


A frase do célebre poeta português Fernando Pessoa "eu sou aquilo que perdi" explica bem isso. Ela mostra que é a forma como reagimos às perdas que determina nossa trajetória. São justamente as curvas imprevistas no caminho que definem para onde vamos e que revelam nossa força e nossa coragem.
Por que algumas pessoas reagem melhor à adversidade do que outras? Por que algumas logo dão a volta por cima depois de cair do cavalo? A vida é uma corrida de obstáculos. Apesar de não escolhermos a quantidade de dificuldades que teremos de enfrentar, podemos escolher como vamos enfrentá-las.

Todas as pessoas têm uma capacidade individual, inata ou adquirida, de lutar. Lutar é preciso, até mesmo para descobrir as próprias forças e os próprios limites. Ninguém escapa de lutar bravamente contra alguma dificuldade. Então, a diferença não está em quem batalhou e quem não batalhou. Está na forma de cada um se sentir, se perceber - como vítima ou como sobrevivente.

Vítimas são as pessoas que ficam paralisadas, sentem-se impotentes diante da realidade, sem poder para mudar o que precisa ser mudado.

Sobreviventes são todos os que continuam lutando e, apesar das circunstâncias adversas, aprendem que lutar custa muito, mas não lutar custa mais ainda. Sabemos que não temos controle sobre tudo o que acontece à nossa volta, mas de certa forma somos co-autores do nosso destino.

Sobrevivente é aquele que não é ceifado pelas mazelas que o mundão propôs em sua vida. Sobrevivente são aqueles que criam, trasformam e transformam-se com o aprendizado das ceifadas didáticas da vida. Eu mando na vida e não a vida em mim.

Esta vida é uma escola e para passarmos dela, temos que ser bons alunos...

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