Roleta Russa
Com as crises, conflitos e barreiras corriqueiras muitas vezes entro na rotina do acorda-trabalha-dorme e simplesmente a vida passa entre minhas mãos como a areia fina da praia. A vida passa desapercebida sem aquele “friozinho” na barriga de expectativas e emoções que antecedem novas conquistas.
Auto boicoto-me, consumo remédios, drogas, bebidas e comidas de tal forma que num dia desses acho a bala recheada com o combustível de pólvora e material letal de aço a fim de atingir-me em cheio de modo vital e sem retorno. Exatamente isso, um suicídio. Fariseus, desculpem lá, suicídio é suicídio, seja ele intencional ou não. Quem se droga será julgado igualmente àquela pessoa que se atirou de frente aos comboios e até mesmo àquela pessoa que morreu em consequência da brincadeira de roleta russa. É simplesmente igual!
Neste contexto, a vida já não me é agradável. Remédios para dormir, álcool para esquecer, drogas para subverter e murmúrias para dizer à minha própria consciência que sou um coitado e assim justificar o laço de morte com a tal brincadeira.
Hoje foi o “click”: puxei o gatilho, entrou em cena um sistema de alavancas e molas para fazer a pólvora da bala explodir. Impulsionada por esse estouro, a bala saiu do cano a quase 700 km/h a mirar na cabeça.
HEAD SHOT!
Tranquilo galera, estou mais vivo do que nunca! Esse “click” da Roleta Russa foi em direção contrária. O feitiço virou contra o feiticeiro. Não foram os problemas que apertaram o gatilho em minha direção! Foi justamente ao contrário, eu é quem direcionei o cano do revólver em direção à tudo que me faz chorar.
Hoje acordei super bem, simplesmente porque ontem decidi viver. Hoje acordei, arranquei boas risadas da minha mulher, ouvi o som matinal dos pássaros, abençoei meu filhos, brinquei com o meu cão, vi que meus coentros já estão a crescer abundantemente, conversei com um grande amigo, orei pela vida dos meus pais, andei bastante a pé, peguei comboio, peguei metro, agradeci o meu trabalho e agora estou a escrever. Quantas coisas simples, mas elementares!
A viver sem recursos metafóricos, químicos, e ou psíquicos percebo que ainda tenho que me aperfeiçoar em inúmeras situações, percebo que a vida é bela pelo simples fato da minha própria existência, percebo que existe uma sinergia entre mundo e eu, percebo que a vida é uma escola a ser frenquentada todo dia sem pestanejar, percebo que existe um DEUS que me livra constantemente, percebo que sou uma pessoa privilegiada e em consequência destas percepções, ainda resta-me perceber que tenho muito o que caminhar!
A cada dia temos que nos crucificar e ressuscitar juntamente com esse Deus maravilhoso.
Acabo de sentir um "friozinho na barriga", certamente são novos desafios e novas conquistas!
Retiro-me, pois tenho que viver!
Leave a Comment