Ambiguidade




Aristóteles dizia que: "é provável que o improvável acontecerá". 

O Houaiss (dicionário) define "ambíguo" como algo que desperta dúvida, incerteza. É vago, obscuro, indefinido, admite interpretações diversas e até sentidos contrários. Algo cuja resposta pode não ser nem sim, nem não, muito pelo contrário. Entendeu? Nem vai.

O mundo é um caldo de ambigüidades, onde nem tudo pode ser controlado como gostaríamos. Por isso é preciso aprender a tomar decisões onde nem sempre é "preto no branco", "oito ou oitenta", ou "escreveu não leu, o pau comeu". Concorda? Se não, também serve.

Há, todavia, um lado menos nefasto da ambigüidade. Quando crianças, brincávamos de enxergar carneiros nas nuvens. Para a escola racional, não passavam de nuvens e nos mandavam parar de ver nuvens passar para prestar atenção na equação. Dali para frente, dois mais dois seriam sempre quatro e a caneta que passeávamos no ar não era uma espaço nave. Era caneta.

Hitler tinha dificuldade em lidar com a ambigüidade. Para ele nada podia ser menos do que perfeito, ao seu próprio jeito. Para deixar as coisas assim, eliminava imperfeições na marra. Na arquitetura nazista, bastava incluir uma janela na fachada esquerda, simétrica à da direita, e tudo ficava lindo. O mesmo fez com as artes. Como não podia eliminar as nuvens, eliminou quem pintasse, escrevesse ou fizesse filmes que dessem margem a mais de uma interpretação. Tentou fazer o mesmo com as imperfeições humanas.

Das circunstâncias, Aristóteles dizia que "é provável que o improvável acontecerá". Nos negócios, então, nem se fala. Mas vou falar um pouquinho.

Saber trabalhar em ambientes de incerteza e ambigüidade é vital. Nada é 100% previsível nem 100% controlável. Em tudo há risco, para tudo há de se ter intuição e criatividade. Por que acha que as mulheres se dão bem com a ambigüidade? Tente administrar meia dúzia de filhos pequenos e verá que não sobra espaço para a certeza, previsibilidade ou razão.

Devemos nos adaptar às circunstâncias que não podemos mudar e administrar as que pensamos poder. Com cuidado, com as ferramentas certas para abordar as ambigüidades e o mau tempo do clima organizacional. Como acontece na natureza, quer queira, quer não, nas empresas a chuva chove, a neve neva e o Sol 'sola'. Você dirá que nunca viu o Sol 'solar'. Não é para ver, é para ouvir. 

Costumo estimular o pensamento criativo e a tolerância para com a ambigüidade em ambientes de incerteza e risco, mas nem sempre consigo. Há quem não seja capaz de enxergar além dos padrões arraigados em seu cérebro. Entretanto, é preciso!

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