Medo - Sentimento

Cão que late não morde.
Cruzo com um cão na rua. Tenho, em geral, medo de cão. Mas em vez de me deixar tomar pelo medo, acreditar em meu pensamento de medo e torná-lo real, posso reconhecer o medo como um pensamento apenas.



Então, no lugar de tornar-me prisioneiro do medo, passo a observá-lo e prová-lo. Imagino que o cão virá me cheirar as panturrilhas, depois me morder.

Sinto o medo como uma emoção rica e interessante, ao passo que teria podido sofrer de um medo que quer sempre parecer “objetivo”, “real”. Se em vez de dar crédito às nossas emoções, as observássemos com atenção, elas perderiam o poder que têm sobre nós. Não nos dariam mais medo (mesmo o medo não nos daria mais medo) e poderíamos acolhê-las, sem julgá-las nem reprimi-las. Quando deixamos de nos identificar com as emoções e com os pensamentos que julgamos, paramos de nos julgar. Quando paramos de nos julgar, fica mais fácil não mais julgar os outros, compreendê-los e ter uma atitude amigável em relação a eles. Ficamos livres para a percepção da beleza do mundo e do prazer de ser. Podemos provar as texturas da existência. Inclusive o medo, mas sem tonar-nos prisioneiros.

Cabe dizer, que muitas vezes o medo é um ingrediente bom. Digo bom no sentido de um "freio". Pratico vôo livre, mais precisamente Asa Delta. Toda vez que subo no pico e saio rumo à decolagem, vos confesso que sinto medo. Certamente esse medo é que me faz vivo até hoje. Há quem diga que quem morre é quem perdeu o medo...

Sinta medo, mas não o deixe aprisioná-lo.

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