Espírito VS Emocões

   
Sua jangada flutua num mar agitado. Você só pode ficar de pé se vigiar atentamente a ondulação do mar, se estiver intensamente presente em cada onda. Uma onda sucede outra onda e mais outra, sem parar. Você fica assim nesse jogo, minutos a fio, ajoelhado, com os braços estendidos na frente ou contrabalançando dos lados, os quadris girando, amortecendo as marés altas e baixas, as quedas, o balanço, a arfagem da jangada sobre as ondas.





Você vê as ondas chegando, pequenas, grandes, de frente ou de través, e se prepara com o movimento da jangada. Se estiver desatento, você cai. O mar nada mais é do que o espírito; as ondas, as emoções e os pensamentos. Quando seu zelo e atenção falham, você cai brutalmente no chão do barco. Mas se mantém a guarda, se não relaxa sua presença, se sua consciência registra cada onda chegando, uma após a outra, a vida passa a ser um jogo maravilhoso. Se, porém, perder um minuto de atenção, esquecer que as emoções e os pensamentos são agitações do espírito, então leva uma chacoalhada, é levado pela ilusão, golpeado de frente pelo sofrimento.

Então, o "eu" não é senão uma cadeia de pensamentos, um modo especial de fabricar emoções e discursos internos, uma espécie de gerador particular de sonhos, provido de argumentos emocionais e discursivos. O "eu" é um fabricante de ilusões, um mercador de sonhos. A virgília nos extrai do entorpecimento e da fascinação do eu.

Abandonemos a prisão dos pensamentos. Observemos sem trégua sua natureza arbritária, ilusória e enganosa.

Quando nossos pensamentos deixam de produzir o universo particular da neurose, passamos a circular em todos os mundos, ficamos livres.

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