A síndrome da felicidade

Recentemente, médicos dos EUA criaram uma entidade nosológica e até lhe deram um C. I. D.: é a “síndrome da felicidade”, incompatível com a situação do homem, com suas dificuldades, dúvidas, medos e incertezas. Seria dessa “felicidade” que a OMS tiraria parâmetros para caracterizar o “perfeito bem-estar mental”?


     Já passou por momentos em que tudo corre bem em sua vida, bem demais, por tempo demais? Então você já experimentou a síndrome da felicidade.

     A espécie humana, como animais, possui instintos de luta relacionados a uma longa história de estímulos de perigo-luta-recompensa. No entanto, nos últimos séculos vivemos períodos de felicidade mais longos do que de costume, já que a luta pela sobrevivência foi minimizada pelo advento da civilização. Essa falta de estímulos por tempo demais gera depressão, que gera problemas, que geram estímulos que nos farão lutar por posterior recompensa.







     O dispositivo da recompensa nos torna autovalorizados e eufóricos. Quando temos a vida fácil demais por muito tempo, instaura-se a síndrome da felicidade, teoria elaborada pelo escritor DeRose. (Cabe dizer que muitas de suas teses e até mesmo sua filosofia eu não concordo, mas devo dizer que, neste caso concordo em gênero, número e grau).

     Vejamos países escandinavos, onde a sociedade conquistou patamares de civilidade e estrutura muito acima da média do mundo. Esses países possuem uma das maiores taxas de depressão e suicídios do mundo! Isso é muito contraditório! Mas, de acordo com essa síndrome é perfeitamente compreensível. Enquanto isso, países que passam por dificuldades, como muitos da Ásia e África não têm tempo para depressão, precisam lutar.

     Portanto, fica a dica: Se você se sente infeliz sem razão, ou a atribui a essas razões tão pequenas, talvez seja porque você é feliz demais e não está conseguindo metabolizar sua felicidade. Algo como indigestão por excesso de felicidade. Pense nisso e páre de reclamar da vida. Procure algum ideal, arte, filantropia e comece a ter que lutar por isso. Nunca mais precisará tomar Prozac.

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