Vale a pena amar?

Epicteto, certa vez, disse: "Não AME! O amor é apego pelas coisas."

Parei para pensar a respeito dessa exclamação, que é a princípio, muito esdrúxula.


Pensei com os meus neurônios a mil: "Porque não devemos amar?" E depois de algumas longas horas a pensar sobre o assunto, veio-me um pensamento baseado nessa perspectiva, no mínimo intrigante, de Epicteto.

Não devemos amar porque as coisas que amamos são perecíveis, são finitas, são mortais. E portanto, todo amor termina em tristeza. Isso é interessante porque essa dimensão de trânsito e fugacidade não é só diante da última morte. Essa dimensão é uma dimensão de morte em vida. Ou seja: não se apegue pelos mortais, porque os mortais morrem a cada instante. Eles deixam de ser o que eram. 

Logo, se eu sou apegado ao que era, a tristeza é iminente. Eu vou morrer daqui a 50 anos, entretanto, não é isso que vos falo, o que eu falo é que eu já não sou o mesmo de cinco minutos atrás. Se você era apegado a mim a cinco minutos atrás, é possível, se você é sutil e fino, perceba que eu mudei. Portanto, o apego te leva a tristeza. Amor é apego. E apego é sempre pelo passado, pelo que já foi, pelo que não é mais. O apego é sempre frustrante. Por isso o conselho de EPICTETO: "Toda vez que você amar alguém, diga: esta é a última vez que vou te ver." É uma recomendação histórica por excelência: NÃO AME!

Depois disto, começo a perceber com bons olhos a morte de relacionamentos. Sabemos que tudo que nasce morre. Ora, porque não pode dizer então que um amor que um dia nasceu, morreu? As pessoas envolvidas morrem a cada instante, a cada segundo, a cada minuto e a cada hora.

Será que vale a pena amar?

2 comentários:

  1. "recomendação Estóica" e não "histórica".

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  2. É verdade que Epicteto vem da escola Etoica, entretanto quando se diz histórica, é devido a sua repetição histórica nas relações humanas. Grande abraço.

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